Portos do Brasil: O Coração da Logística Internacional

PRINCIPAIS PORTOS DO BRASIL

PORTO DE SANTOS

O Porto de Santos iniciou suas atividades no início do século XVI com estruturas rudimentares até o fim do século XIX. Atualmente é o maior porto da América Latina, constituído em 53 terminais voltados para armazenamento e movimentação de carga e também de passageiros, atuando tanto com o transporte nacional quanto com o internacional. O complexo está situado no limite entre os municípios de Santos, Guarujá e Cubatão, localizados no estado de São Paulo, e movimenta 134 milhões de toneladas de carga (dados de 2019).

O Complexo Portuário de Santos é o principal porto brasileiro em valores de carga movimentadas, responsável historicamente por no mínimo 25% do comércio exterior brasileiro. Nele, atuam empresas de diversos setores, fazendo com que circulem diferentes tipos de carga, como granéis sólidos, líquidos, carga geral solta, conteinerizada e cargas de projeto.

Porto de Santos - Imagem: Luís Inácio P Prado/ Shutterstock.

Em 2020, foi aprovado o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto (PDZ), que visa a modernização, reorganização e expansão do espaço ocupado pelo porto.

IMPORTÂNCIA PARA O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

O Porto de Santos é o maior complexo portuário da América Latina e responde pela movimentação de quase um terço das trocas comerciais brasileiras.

O complexo é de extrema importância para o escoamento dos bens e mercadorias produzidos na sua área de influência, que abrange os estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Nesta região, o Porto de Santos representa a melhor opção logística e econômica para a exportação e para a importação, uma vez que tal área concentra uma grande parte do mercado consumidor brasileiro.

        Pela sua relevância na balança comercial do País, o Porto de Santos acaba também atendendo a demanda de comércio exterior de outros estados importantes da Federação, tais como Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Rondônia, Tocantins, Sergipe e Paraíba.

 

PORTO DE PARANAGUÁ

Inaugurado oficialmente em 17 de março de 1935, o Porto de Paranaguá está localizado na cidade de Paranaguá, no litoral do estado do Paraná. Ele é o maior porto graneleiro da América Latina, movimentando produtos como soja em grãos, farelo de soja, milho, sal, açúcar, fertilizantes, contêineres, congelados, derivados de petróleo, etanol e veículos.

O Porto de Paranaguá é o segundo maior porto do Brasil. É a principal via de escoamento da safra dos estados do Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Também recebe cargas dos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rondônia.

As exportações têm como principais destinos a China, Estados Unidos, Índia, Rússia, Holanda, Argentina, Alemanha e Coréia do Sul. Já as principais origens das importações recebidas no porto são China, Argentina, Alemanha, Estados Unidos, França e Rússia, incluindo produtos como fertilizantes, veículos, produtos químicos, máquinas, peças e equipamentos.

Porto de Paranaguá

IMPORTÂNCIA PARA O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Já o porto de Paranaguá, é considerado o maior porto graneleiro da América Latina, desempenhando um papel crucial para a exportação agrícola do país. Ganhando destaque em 2024 por ser o principal canal de exportação de óleo vegetal e carne de frango congelada no Brasil. O porto atende estados como Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Também recebe cargas dos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rondônia.

 Suas exportações têm como principais destinos a China, Holanda, Coréia do Sul, Hong Kong e Japão. E as principais origens das cargas recebidas são China, Estados Unidos, Rússia, Alemanha e Argentina.

Os dois portos são pilares de extrema importância para a infraestrutura logística do país, cada um com diferentes especializações que atendem as específicas demandas do comércio exterior. Juntos os portos fortalecem o Brasil no mercado econômico e impulsionam o desenvolvimento da nação.

PORTO DE ITAGUAÍ

Inaugurado em 7 de maio de 1982, o Porto de Itaguaí se situa no Rio de Janeiro, na Baía de Sepetiba. Originalmente era chamado de “Porto de Sepetiba”, mas teve seu nome atualizado em 2005 por conta de polêmicas e desentendimentos da população. É um porto granel focado altamente em minérios de ferro, carvão mineral e manganês, mas também movimenta muitos materiais siderúrgicos e peças industriais.

Porto de Itaguaí

Em 2021 chegou a movimentar 51,7 milhões de toneladas em cargas, 44,8 milhões (87%) dessas toneladas foram somente de minério de ferro, tornando-o maior porto público em embarque de minério de ferro no país.

IMPORTÂNCIA PARA O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

De acordo com o Gráfico, a China é o principal destino das mercadorias movimentadas pelo Porto de Itaguaí. Entre 2010 e 2019, 63,40% do total de 1,06 bilhão de toneladas teve como destino o país asiático, principal parceiro comercial do Brasil. Em segundo lugar aparece o próprio Brasil, com 8,79%, seguido por Japão (6,85%), Holanda (3,30%) e Estados Unidos (3,09%).

A presença do Brasil como o segundo maior destino reforça o papel do Porto de Itaguaí como porto concentrador. Isso porque, desse total movimentado, 8,79% correspondem a cargas oriundas de outros portos brasileiros — por meio da cabotagem — ou estrangeiros. Apesar disso, esse volume ainda é significativamente menor se comparado ao volume destinado à China.

Com base no próximo gráfico, observa-se que os dez principais destinos por volume de carga em toneladas, a partir do Porto de Itaguaí, concentram-se majoritariamente em três tipos de mercadorias: minério de ferro, carvão mineral e produtos de ferro e aço.

PORTO DO ITAQUI

Localizado em São Luís, no estado do Maranhão, o Porto do Itaqui foi criado em 1972, mas foi aberto ao tráfego apenas em 1974. Houve outras tentativas de construção por uma empresa inglesa em 1918 mas a concessão foi extinta, em 1939 o Departamento Nacional dos Portos e Vias Navegáveis realizou um estudo na área e a apontou como um potencial para a construção de um grande porto e as obras começaram definitivamente em 1966.

Porto de Itaqui

IMPORTÂNCIA PARA O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

        Em 2022, o Porto do Itaqui movimentou o maior volume de cargas de sua história, tendo 33,6 milhões de toneladas movidas, com 23 milhões sendo granéis sólidos. Ele movimenta três tipos de cargas: cargas gerais, granéis sólidos e líquidos.

        No primeiro trimestre de 2024, o porto registrou a exportação de 176 mil toneladas de concentrado de cobre, um aumento de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse crescimento reflete a elevação da demanda por cobre, um insumo essencial em diversas cadeias produtivas.

Terceiro metal mais utilizado no mundo, o cobre é fundamental para a transição energética e o avanço de uma economia mais sustentável. Suas propriedades são indispensáveis na fabricação de equipamentos de energia renovável — como turbinas eólicas, painéis solares e sistemas hidráulicos —, além de seu amplo uso na construção civil, infraestrutura e indústria.

A crescente demanda por cobre, especialmente para a fabricação de baterias voltadas aos veículos elétricos, tem estimulado investimentos na ampliação da capacidade produtiva do setor. Esse cenário reforça a importância estratégica do Porto do Itaqui como ponto de escoamento desse insumo fundamental para a transição energética.

Em 2023, praticamente todas as exportações de cobre realizadas pelo Porto do Itaqui tiveram como destino países europeus. Espanha, Itália, Alemanha, Suécia e Polônia foram os principais compradores, absorvendo, juntos, um total de 623.516 toneladas do produto.

De acordo com Luciana Kuzolitz, gerente de Planejamento e Negócios do Porto do Itaqui, "essa diversificação de destinos ressalta a importância estratégica do porto como um hub de exportação para diferentes mercados internacionais".

 

VANTAGENS E DESAFIOS DA LOGÍSTICA PORTUÁRIA

A logística portuária é uma peça-chave no comércio internacional e no desenvolvimento econômico de um país. Responsável por coordenar o fluxo de mercadorias que entram e saem pelos portos, esse segmento influencia diretamente na eficiência das cadeias de suprimentos. Mas, como em qualquer área estratégica, ela apresenta tanto vantagens quanto desafios.

Entre os principais benefícios da logística portuária, destaca-se a redução de custos no transporte de grandes volumes. O modal marítimo é o mais econômico para longas distâncias, o que o torna essencial para exportações e importações. Além disso, os portos têm alta capacidade de movimentação, permitindo o embarque e desembarque simultâneo de grandes quantidades de carga.

A logística portuária impulsiona o crescimento do país, facilitando o comércio global, apoiando a indústria nacional, a competitividade internacional, outro ponto positivo é a integração com outros modais de transporte, como rodovias e ferrovias, o que facilita a distribuição das mercadorias pelo território nacional. A presença de portos também impulsiona o desenvolvimento regional, gerando empregos diretos e indiretos, atraindo investimentos estrangeiros e contribuindo para o desenvolvimento sustentável.

O investimento em infraestrutura portuária alavanca a eficiência logística e fortalece a posição externa do país. O avanço da tecnologia também ajuda muito todo esse processo, facilitando a integração de sistemas e processos logísticos unindo diferentes elementos e procedimentos do ambiente portuário, promovendo uma gestão mais fluida e coordenada. Envolvendo a sincronização de informações, atividades e tecnologias ao longo de toda a cadeia logística, desde a chegada das mercadorias até sua movimentação nos terminais portuários.

Por meio da utilização de sistemas interconectados, como por exemplo os softwares e as plataformas tecnológicas, é possível unificar dados e processos, facilitando a comunicação entre os diversos agentes envolvidos, como transportadoras, operadores portuários, agências aduaneiras e autoridades reguladoras.

Essa abordagem integrada otimiza a visibilidade e o controle sobre as operações, reduzindo redundâncias, minimizando erros e proporcionando uma resposta mais ágil a imprevistos. Contudo, a integração de sistemas permite uma análise mais abrangente e em tempo real das atividades portuárias, proporcionando insights valiosos para a tomada de decisões estratégicas.

Os Desafios enfrentados pelo setor são inúmeros, apesar dos benefícios, a logística portuária brasileira ainda enfrenta obstáculos consideráveis. A infraestrutura deficiente em muitos terminais compromete a agilidade nas operações. Inegavelmente, a falta de planejamento e desenvolvimento adequado nas áreas portuárias impacta negativamente. Afinal, alguns dos problemas mais comuns é a falta de integração eficiente entre os diferentes modais de transporte e congestionamentos no trânsito, a falta de segurança e de acessibilidade comprometem fortemente a eficiência das operações. Equipamentos obsoletos, falta de dragagem e acessos precários aumentam o tempo de permanência dos navios e os custos logísticos, gerando atrasos e prejuízos.

Outros obstáculos comuns aos portos do Brasil é a burocracia nos processos aduaneiros, que muitas vezes são lentos, complexos e morosos. Fatores como, trâmites alfandegários, documentação extensa e regulamentações rígidas podem não apenas aumentar o tempo de espera como também os custos operacionais, afetando a competitividade das exportações.

Outros desafios são, a escassez de investimentos em infraestrutura, opções limitadas de portos, apesar de existirem mais de 175 terminais no Brasil, a diversidade de opções muitas vezes é limitada. Isso porque, infelizmente, nem todos os portos atendem a absolutamente todos os tipos de carga. O que acaba não apenas criando restrições como também aumentando os custos logísticos que já são bastante significativos no segmento.

Além disso, o setor lida com desafios ambientais significativos, exigindo medidas sustentáveis para mitigar impactos como poluição hídrica e atmosférica. A falta de desenvolvimento em áreas portuárias. O que impacta a eficiência operacional, eleva custos e dificulta a competitividade internacional. Superar esses obstáculos requer investimentos estratégicos, modernização de processos e revisão de políticas.

 

EXPORTAÇÕES PORTUÁRIAS E O REFLEXO NA ECONOMIA

Segundo Medeiros (2025) o modal hidroviário é responsável por 95% do comércio exterior do Brasil em 2025, evidenciando a importância na economia do país que historicamente segue uma política de superávit comercial, ou seja, exporta mais recursos do que importa.

Desde 1980 o Brasil não tem déficit anual em sua balança comercial, isso se deve a dinâmica econômica do país, já que se trata de uma economia primária, onde as principais atividades limitam-se em extrair recursos naturais e exportá-los para outras nações, enquanto produtos de maior valor agregado são predominantemente importados, devido às limitações da indústria nacional.

        Essa dinâmica é alvo de críticas de especialistas e políticos devido a estagnação econômica que o país vive, mas dentro das limitações existentes os portos são fundamentais para o desenvolvimento do país mesmo com um nível de investimento aquém de seu potencial. Em 2013 a Presidenta Dilma Rousself criou a Lei dos Portos (Lei nº 12.815/2013), que regula a exploração pela União, direta ou indiretamente, dos portos e instalações portuárias e as atividades desempenhadas pelos operadores portuários (Brasil, 2013). A lei foi uma iniciativa importante do governo federal, pois a partir dela muitos portos como o de Santos, funcionam sob o modelo de concessão, o que consequentemente atrai investimentos público e privado.

 

POSTADO PELO GRUPO CANADÁ

REFERÊNCIAS

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