Alunos de 1º Ciclo Logística - noturno - Fatec de Mauá - Projeto de Extensão

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Logística Hospitalar: Fluxo De Materiais Hospitalares - Da Central De Suprimentos Ao Centro Cirúrgico

RECEBIMENTO DE MATERIAIS HOSPITALARES.

Para fazer um recebimento adequado dos materiais hospitalares é necessário estabelecer um padrão de conferência, organização e conformidade.

Assim que um produto chega ao hospital é necessário que a transportadora apresente a nota fiscal dos materiais que estão sendo transportados, para garantir que o destinatário final está no local correto. O responsável deve verificar se o transporte dos produtos foi realizado em condições regulares, assegurar que todos os itens entregues estão descritos na nota e que a quantidade está correta. Após isso, é feita a conferência das condições do material para checagem de embalagens apresentadas.

Depois de feita essa vistoria, a autorização de descarga dos produtos é feita, sendo sempre supervisionada e orientada para proteger a integridade e garantir a qualidade dos materiais que estão chegando. Em seguida, é feita a contagem dos volumes que foram descarregados e a verificação de validade dos produtos, que deve estar de acordo com o exigido na nota, e os materiais devem ser armazenados em um local apropriado.

Depois da conferência de todas as mercadorias e o preenchimento do checklist, a assinatura da nota fiscal é feita, afirmando que os produtos foram recebidos de maneira correta, sendo que uma nota fica com a transportadora e a outra com o destinatário. A entrada dos materiais no sistema é feita atualizando imediatamente a quantidade de produtos no estoque do hospital.

ALMOXARIFADO E ARMAZENAMENTO DE MATERIAIS HOSPITALARES

O almoxarifado de um hospital tem a função de receber os materiais como medicamentos, luvas, utensílios cirúrgicos, equipamento geral e outros, recebendo esses equipamentos, que são adquiridos conforme a sua demanda aumenta. Além disso, ele tem o dever de armazená-los de forma correta.

Como cada material deve ser tratado:
Materiais de consumo: objetos como luvas, gazes e máscaras, devem ser separados por materiais como látex ou plástico, por lote e validade, corretamente etiquetado para fácil identificação e sempre em local limpo, seco, arejado, longe da luz solar e com boa iluminação.
Medicamentos: todos medicamentos devem ser armazenados com precisão exata para não haver nenhuma complicação como confusão de medicamentos e remédios fora da validade ou estragados. Eles devem ser guardados em locais com controle de temperatura, já que alguns necessitam de refrigeração, manter em um ambiente adequado e também, fora da luz solar, em local arejado e com segurança constante prevenindo furtos.
Materiais Permanentes: equipamentos permanentes são macas, cadeiras de rodas, suportes de soro e tudo aquilo que deve ser mantido para uso futuro. Eles também têm modos corretos de serem armazenados e devem ser mantidos em um local amplo, bem iluminado e separados em grupos para fácil acesso, além de serem higienizados antes e após o uso, com controle de inventário e vigilância para não haver perdas nem roubos.

Vale lembrar que todo material que possuir validade de algum tipo segue a regra PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair), que garante a integridade deles quando forem utilizados para salvar vidas. Com isso, a armazenagem correta é uma das partes mais importantes de um hospital, já que sem as devidas precauções é inviável confiar nos medicamentos e equipamentos, por conta disso, precisamos estar sempre prontos para cuidar bem do que nos faz bem.

ESTOQUE DE MATERIAIS HOSPITALARES.

Para garantir um atendimento de qualidade, é fundamental que a gestão dos estoques hospitalares seja eficiente. Alguns dos desafios enfrentados por hospitais são a falta de orçamento, a demanda variável e a grande diversidade de materiais.

A estocagem de uma unidade hospitalar pode representar entre 15% a 45% dos custos operacionais e, se não houver um gerenciamento adequado, podem ocorrer problemas como o desperdício e a falta de insumos, o que compromete o funcionamento e o atendimento aos pacientes.

Como visto anteriormente, alguns recursos possuem necessidades especiais para armazenamento e, sem o devido controle de pessoal capacitado e a organização correta, podem ocorrer erros graves que podem influenciar, por exemplo, na qualidade dos medicamentos. Além disso, com o gerenciamento adequado também é possível reduzir despesas com material desnecessário.

A tecnologia pode ser uma grande aliada da gestão de armazenamento como no caso de implementação de sistemas de gerenciamento. Segundo a pesquisa feita em 2009 pela aluna de doutorado da Escola de Enfermagem da USP, Maria Lúcia Habib Paschoal, o Centro Cirúrgico do Hospital Universitário da USP conseguiu reduzir em 26,22% o estoque de materiais, em 12,46% o custo dos materiais estocados e em 8,13% o consumo de 293 itens do centro cirúrgico. Isso foi possível após a adoção do sistema Just in Time, que visa manter estoques mínimos e repor os insumos de acordo com a demanda real, utilizando de códigos de barras para registrar o consumo no momento em que acontece.

Portanto, é essencial que as instituições de saúde tenham o investimento necessário em tecnologia e capacitação de seus funcionários para que haja a otimização do controle de estoque sem comprometer a disponibilidade de recursos e o atendimento à população.

FLUXO DE MATERIAIS HOSPITALARES: DA CENTRAL DE SUPRIMENTOS AO CENTRO CIRÚRGICO.

Para uma expedição eficiente de medicamentos e insumos os hospitais possuem ao menos uma farmácia, sendo ela responsável por identificar corretamente e fazer a distribuição para as diferentes áreas do hospital. A Logística hospitalar é importante pois “[...] quando bem-feito, ajuda a garantir que os pacientes recebam o melhor atendimento da maneira mais eficiente” (Totvz, 2024). Entre os fluxos de matérias existentes como de consultas, exames, cirurgias, medicação, tratamento, destacam-se a distribuição de medicamentos e materiais de uso cirúrgico.

Muitos hospitais contam com o sistema de correio pneumático, que é “um sistema responsável por transportar qualquer tipo de material entre diferentes áreas dos hospitais” (Engeclinic, 2021), através da pressão do ar e do vácuo emitido. Dessa forma pode-se transportar tanto medicamentos, quanto insumos cirúrgicos com mais segurança e velocidade controlada”.

Segundo a Engeclinic Serviços Ltda (empresa especialista em engenharia clínica no Brasil), o sistema de transporte pneumático tem seu funcionamento dividido em cinco etapas, onde:
O material a ser transportado é alocado em uma cápsula de transporte segura.
Esta cápsula é introduzida em uma estação de envio, na qual será informado para qual ala ou setor o material será enviado.
Sopradores fazem a propulsão de ar que impulsiona a cápsula por meio das tubulações até o seu destino.
Caso a rota seja entre andares ou setores diferentes, unidades de transferência fazem a mudança entre as linhas a serem percorridas.
A cápsula com o material transportado chega rapidamente à estação de destino, tudo controlado e rastreado via software, com segurança e comodidade.

Além do transporte pneumático, a distribuição de materiais e medicamentos pode ocorrer através do Centro de Material e Esterilização (CME) “responsável por garantir que todos os instrumentais cirúrgicos estejam limpos, estéreis e prontos para uso “(Business Medical, 2024).

Kits Cirúrgicos

O kit cirúrgico é uma junção de equipamentos, instrumentos e suprimentos usados em um uma cirurgia determinada. Seus equipamentos podem variar para atender qualquer tipo de operação, além disso os matérias precisam ser todos esterilizados e seguros para minimizar riscos de infecções.

Equipamentos que constituem todo kit cirúrgico padrão são Aventais, Campos cirúrgicos, Máscaras, Toucas, Protetores de mangueira, Protetores de alça, Toalhas descartáveis e Gorros de laço.


Problemas em caso de faltas de insumos

A ausência de insumos é um dos maiores desafios para a gestão de materiais dentro das instituições de saúde. As falhas no abastecimento de tais materiais desencadeiam impactos imediatos e graves, principalmente em centros cirúrgicos. Há alguns anos, em Uberlândia – MG, foi relatado que a falta de materiais básicos no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) estava comprometendo os trabalhos de urgência, onde apenas pessoas com risco de morte passavam por procedimentos cirúrgicos. Foi reportado ainda que não havia reposição de estoque há 70 dias, causando a falta de materiais básicos como luvas, linhas de sutura, grampeador cirúrgico e até mesmo toucas para os profissionais entrarem na sala de operações (G1, 2015).

Como foi observado, a falta de materiais compromete o agendamento de procedimentos médicos, em que, muitas vezes, a ausência dos itens básicos leva ao adiamento ou até ao cancelamento de cirurgias, afetando diretamente os pacientes. Considera-se que a falta de planejamento, controle e monitoramento eficazes são os principais problemas na gestão de materiais da rede pública de saúde. Quando não há um planejamento, previsão de demanda e controle eficiente para contabilizar o uso mensal ou anual, os insumos costumam ser solicitados somente quando o estoque já está baixo, ocasionando desabastecimentos inesperados e comprometendo o atendimento ao paciente.

Além disso, a segurança dos pacientes é colocada em risco pela falta de modernização da gestão hospitalar. Processos desatualizados e sistemas obsoletos levam a erros na administração de medicamentos, na identificação de pacientes e na interpretação de exames, aumentando os riscos associados aos cuidados de saúde. Isso leva à interrupção do fluxo de trabalho, aumentando os tempos de espera e comprometendo a eficiência operacional. Para ajudar a resolver esses problemas, é necessário implementar algumas estratégias eficazes de gestão, como estabelecer processos claros de compras, armazenamento e distribuição, investir em sistemas de monitoramento, promover melhor capacitação dos profissionais, e melhorar a comunicação entre os setores, a fim de garantir a disponibilidade e a qualidade dos materiais. Desse modo, contribui-se significativamente para a eficiência operacional e a segurança dos pacientes.

POSTADO PELO GRUPO CANADÁ


 
REFERÊNCIAS:

BRASIL. THAIS FERREIRA. Recebimento de Medicamentos, Materiais Hospitalares e Correlatos. 2016. Thais Ferreira. Disponível em: https://ints.org.br/wp-content/uploads/2021/05/PO.FAR_.001-02-Recebimento-de-Medicamentos-Materiais-Hospitalares-e-Correlatos.pdf. Acesso em: 18 abr. 2025.

SANTOS, Lizandra de Oliveira; MARQUES, Nixon Barros. Recebimento de Materiais Hospitalares. 2022. Xênia Sheila Barbosa Aguiar Queiroz. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/huac-ufcg/acesso-a-informacao/boletim-de-servico/pops/2022/pop-uadf-001-recebimento-de-material-medico-hospitalar-mmh-e-medicamentos.docx. Acesso em: 18 abr. 2025.

Gov.br. Certificado de Boas Práticas de Distribuição e Armazenagem (CBPDA). Gov.br Ministério da Saúde, 16/10/2020. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/acessoainformacao/perguntasfrequentes/administrativo/certificados-de-boas-praticas/cbpda . Acesso em: 17 abr. 2025

Biblioteca Virtual em Saúde Ministério da Saúde. Boas Práticas para Estocagem de Medicamentos. BVSMS,1990. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd05_05.pdf . Acesso em: 17 abr. 2025

AMORIM, A. Logística hospitalar: o que é, como funciona, desafios e mais. 2024. Disponível em: https://www.totvs.com/blog/gestao-logistica/logistica-hospitalar/. Acesso em: 18 abr. 2025.

Correio Pneumático Hospitalar: o que é e como funciona. 2021. Disponível em: https://engeclinic.com/correio-pneumatico/. Acesso em: 18 abr. 2025.

O que você precisa saber sobre o centro de material e esterilizacao. 2024. Disponível em: https://www.businessmedical.com.br/blog/o-que-voce-precisa-saber-sobre-o-centro-de-material-e-esterilizacao. Acesso em: 18 abr. 2025.

Suria dental. Kit Cirúrgico. s.d. Disponível em: https://www.suryadental.com.br/descartaveis/kit-cirurgico.html. Acesso em : 18 abr. 2025

Endocommerce. Kits Cirúrgicos. s.d. Disponível em: https://www.endocommerce.com.br/c/kits-cirurgicos?idcampanhagoogle=20579241023&iddoproduto=&anuncioshopping=&gad_source=1&gbraid=0AAAAACjhrRqN2DRirsJnyJvSADlWYIjHT&gclid=CjwKCAjw8IfABhBXEiwAxRHlsP-1rHdR3Jx_qw1LpmzJQ0AbusnIpZdHIm9N1TtniP3kDIt_vtjjkRoCRAcQAvD_BwE. Acesso em: 18 abr. 2025

G1. Falta de materiais básicos prejudica procedimentos cirúrgicos no HC-UFU. G1 Minas Gerais, 22 set. 2015. Disponível em: https://g1.globo.com/minas-gerais/triangulomineiro/noticia/2015/09/falta-de-materiais-basicos-prejudica-procedimentos-cirurgicos-nohc-ufu.html. Acesso em: 16 abr. 2025.

LABORO. Os desafios da gestão de materiais no sistema de saúde pública. Blog Laboro, 4 set. 2023. Disponível em: https://laboro.edu.br/blog/os-desafios-da-gestao-de-materiais-nosistema-de-saude-publica/. Acesso em: 16 abr. 2025.

CMEXX. Consequências da falta de modernização da gestão hospitalar. Blog Cmexx, 9 ago. 2023. Disponível em: https://cmexx.com.br/blog/consequências-da-falta-de-modernização-dagestão-hospitalar?. Acesso em: 16 abr. 2025.

PASCHOAL, Maria Lúcia Habib; CASTILHO, Valéria. Implementação do sistema de gestão de materiais informatizado do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/4RbYzbk8NmDLvh7xVhsQTXL/?utm#. Acesso em: 18 abr. 2025.

PASCHOAL, Maria Lúcia Habib; CASTILHO, Valéria. Consumo de materiais em centro cirúrgico após implementação de sistema de gestão informatizado. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/vJ8BFXgxwT8vs5cBRXmvGBj/?utm. Acesso em: 18 abr. 2025.

 

 

 

 

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